domingo, 22 de novembro de 2015

LIBERDADE QUE MATA

LIBERDADE QUE MATA

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8.36)

O restaurante italiano perto da apartamento onde estávamos hospedados parecia ideal para jantar. Assim, não precisaríamos andar muito no frio que castiga Bucareste nos dias que antecedem a chegada plena do inverno no leste Europeu. De fato, a comida era boa e o preço convidativo, mas não contávamos com a nuvem de fumaça que enchia o ambiente, vindo de quase todas as mesas do restaurante. Era sufocante. Aliás, em Tbilisi, capital da República da Geórgia,era ainda pior. Éramos fumantes passivos em quase todas as refeições. As pessoas fumam muito e em todos os ambientes, exceto no metrô. Mas, fazer o quê? Fumar em qualquer lugar é símbolo do ar de liberdade que esses países respiram, mesmo contaminado pela nicotina mortal.
Conversando com alguns irmãos romenos entendemos que a sociedade se esforça para se livrar de tudo que lembra as mais de quatro décadas sob o cruel regime comunista, e com muita razão. Foram dias que merecem ser apagados da memória do povo, vindo a público apenas quando necessário para garantir que nunca mais tal sistema voltará.
Desde 1989, quando aconteceu a revolução que culminou com a queda e execução do ditador Nicolau Ceaucescu e sua esposa, a Romênia respira ares de liberdade e se esforça para ser cada vez mais identificada com os países livres do Ocidente. Mas a Romênia, bem como os demais ‘países libertos’ do leste Europeu, hoje são vítimas da liberdade que tanto almejaram. É estranho falar em vítimas da liberdade, mas infelizmente é um fato.
Há muitos exemplos dos males causados pela liberdade, mas o aborto é o que mais chama nossa atenção. O governo comunista proibia o aborto bem como todas as formas de contracepção. Não pelo princípio de proteger a vida dos inocentes, mas porque precisava de um exército. Assim, logo que o regime foi derrubado, o aborto foi adotado como expressão de liberdade. O resultado foi catastrófico: nos próximos doze meses, setenta por cento das gestações foram interrompidas. É difícil imaginar quantas crianças foram assassinadas como resultado da ‘liberdade’ recentemente adquirida. Até hoje o holocausto de crianças é praticado, a exemplo das nações do ocidente, especialmente os Estados Unidos.
Lembro do testemunho do meu velho amigo Robert Provost. Nos seus primeiros contatos com cristãos da União Soviética, após a queda do comunismo, ele ouviu de um pastor: ‘O povo recebeu a liberdade, mas não sabe o que fazer com ela.’ Nada poderia ser mais verdadeiro na história das nações e dos indivíduos. Pelo menos na Romênia, do pouco que pude observar e ouvir, tais palavras combinam perfeitamente com a realidade.
Se uma nação ou uma pessoa desconhecerem as verdades do Evangelho, a liberdade política pode acelerar a sua morte. Por isso, a tarefa de anunciar o Evangelho entre as nações tem muito mais impacto do que uma revolução social. Sem o temor do SENHOR, as pessoas logo encontraram outras formas de escravidão, visto que a verdade não muda: Somente quando o Filho vos libertar, ‘verdadeiramente sereis livres.”
À luz das Escrituras, a antropologia cristã fundamenta-se sobre o fato do pecado como o grande mal que destrói o homem. Essa terrível e impetuosa força de rebelião contra o Criador, faz a criatura declarar sua autonomia, dizendo a Deus, o SENHOR do céu e da terra: ‘não preciso de Ti’. Mas isso não resolve o problema humano, porque o homem, inclinado à rebeldia espiritual desde a sua concepção, segue seu caminho torto indo ‘de mal a pior, enganando e sendo enganado.’ O que ocorre na Romênia é simples de explicar: a opressão política foi vencida, mas a escravidão espiritual prevalece sendo representada nos vícios, pornografia, furtos, aborto e corrupção. Não adianta liberdade sem temor do SENHOR.  Enquanto não são destruídas as amarras espirituais, o homem continua escravo. Não importa o regime político. Somente a graça de Deus pode nos educar para que “renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2.12).
A Romênia se livrou do comunismo, mas continua em situação crítica. A impressão geral é a de que estão indo bem. E assim, entre uma tragada e outra, seguem escravos da pior escravidão, sem ao menos reconhecer o perigo. Como diz Salomão,“Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição.” (Provérbios 1.32).
A livre Romênia continua escrava... “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Mateus 9.38)

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário